O Ministério da Saúde traçou, em um levantamento feito em 2020, o perfil do brasileiro em relação às doenças crônicas mais incidentes por aqui: 7,4% têm diabetes, 24,5% têm hipertensão e 20,3% estão obesos. E o que essas três comorbidades possuem em comum? Juntas, essa tríade para lá de preocupante, dá origem ao que a medicina chama de Síndrome Metabólica – problema responsável por uma verdadeira crise sanitária decorrente, em grande parte, do estilo de vida da população.
Pois é. Qualidade da alimentação, sedentarismo, estresse, condições precárias de trabalho, poluição ambiental e violência social… você pode não saber, mas além dos fatores genéticos, questões como essas têm associação direta com o atual quadro de enfermidades do País.
O tratamento para o problema? A combinação de fármacos (anti-hipertensivos, hipoglicemiantes, antidiabéticos, ansiolíticos etc.), modificações de hábitos do dia a dia e a prática de exercícios físicos. Para isso, no entanto, é necessário compreender cada uma delas. Abaixo, um breve resumo.
O que é diabetes?
Caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia), a diabetes pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação da insulina produzida no pâncreas. A falta do hormônio ou um defeito em sua ação resulta em acúmulo de glicose no sangue – é o que chamamos de hiperglicemia.
O diabetes tipo 1 caracteriza-se pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas, uma vez que suas células sofrem de destruição autoimune. A causa ainda é desconhecida.
Já o diabetes tipo 2 é causado pelo organismo ao não produzir insulina suficiente ou quando o corpo se torna resistente à insulina que produz. Muitas podem ser as causas: sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados
Os principais sintomas do diabetes são fome, sede excessiva e vontade de urinar várias vezes ao dia. O diagnóstico é feito por meio de testes de laboratório de glicemia e hemoglobina glicada. Hoje, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem no Brasil mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença – o que representa 6,9% da população nacional. Dependendo do caso, a doença pode ser controlada com atividade física e planejamento alimentar. Há também casos em que é necessário o uso de insulina ou outros medicamentos para controlar a glicose.
O que é obesidade?
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Em adultos, o Índice de Massa Corporal acima de 25 já é considerado sobrepeso e acima de 30 é classificado como obesidade grau 1. O cálculo do IMC é feito pela conta: peso dividido pela altura². De acordo com essa fórmula, uma pessoa com 1,65m e 82 quilos já é classificada com grau de obesidade 1. Se preferir, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia disponibiliza uma calculadora on-line de IMC, basta clicar aqui.
Vários fatores estão ligados à obesidade, como genética, maus hábitos alimentares, disfunções endócrinas, entre outros.
O que é hipertensão?
A hipertensão é uma doença crônica, diagnosticada por meio da medição da pressão arterial igual ou superior a 14 por 9. A relação da hipertensão com o ganho de peso é explicada pela associação que existe entre o peso e o aumento do hormônio insulina plasmática, que ajuda no controle do volume sanguíneo e atividade vascular. Por isso, o controle da pressão sanguínea é prejudicado. Quem tem pressão alta acaba sobrecarregando o coração para que o sangue seja distribuído pelo corpo. A pressão alta, por sua vez, é fator de risco para outros quadros: acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. Além da obesidade, o problema também tem influência genética e de hábitos como fumar, consumir bebidas alcoólicas, consumo de sal em excesso, entre outros.
O diagnóstico da hipertensão é feito pela medição regular. Pacientes acima de 20 anos devem medir a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes por ano. É importante investigar porque os sintomas só aparecem quando a pressão sobe muito. Nesse caso, a pessoa pode sentir dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.
Como é uma doença crônica, a hipertensão não tem cura, mas o tratamento é eficaz e capaz de controlar o problema. É o médico que irá definir que tipo de tratamento será dado ao paciente, o que geralmente engloba alimentação saudável com redução de sódio, exercícios físicos e medicamentos.
Medidas de Prevenção e Controle da Obesidade, Diabetes e Hipertensão
A obesidade, o diabetes e a hipertensão podem ser prevenidos, tratados e controlados. Para isso, é imprescindível adotar um estilo de vida saudável:
– Manter o peso adequado;
– Adotar hábitos alimentares saudáveis, dando preferência ao consumo de alimentos naturais e minimamente processados (Guia Alimentar para a População Brasileira);
– Incluir frutas, verduras, legumes, feijões e cereais integrais em sua rotina alimentar;
– Reduzir o consumo de alimentos gordurosos e frituras;
– Utilizar óleo, sal e açúcar com moderação;
– Reduzir o consumo de sódio na alimentação, presente tanto no sal de cozinha quanto em alimentos industrializados, priorizando a utilização de temperos naturais que ressaltam o sabor dos alimentos;
– Praticar atividades físicas de forma regular (mínimo de 150 minutos por semana);
– Praticar atividades que promovam bem-estar mental e emocional para controle do estresse (sugere-se as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde – PICS);
– Aproveitar momentos de lazer;
– Abandonar o fumo;
– Evitar ou moderar o consumo de bebidas alcoólicas;
– Beber bastante água para garantir uma boa hidratação;
– Fazer exames de rotina e seguir as recomendações individualizadas feitas pelo seu médico e demais profissionais da saúde (nutricionista, psicólogo, enfermeiro, educador físico, etc.).
Cuide-se!
Todas essas doenças possuem características semelhantes, como a importância de alimentação saudável e atividades físicas para preveni-las. Como pontuamos, há também o fator genético envolvido no diagnóstico da hipertensão e diabetes, portanto, mesmo quem tem um estilo de vida saudável e está com peso adequado, deve se submeter aos exames de rotina e sempre buscar orientação médica.
Para quem busca melhorar a alimentação, o Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente um guia alimentar, em que traz recomendações em linguagem acessível, voltado justamente para a população em geral. Uma das dicas da publicação é: evite alimentos processados, prefira sempre os naturais.
Ainda tem alguma dúvida sobre o assunto? Procure seu médico!